sábado, 26 de março de 2011

15 minutos para sempre

Enquanto meninos como essa coisinha fofa ai fazem o maior sucesso (kangief kid fez tudo que eu deveria ter feito), o bullying passou a ter nome, passou a ser crime, passou a ser diagnosticado... Ser um bully hoje e' tao feio quanto ser machista e/ou preconceituoso. VIVA E VIVA!
Pessoalmente eu nao poderia estar mais contente, o bullying tornou minha vida social dramatica.
Ser simpatica, ser acolhedora, confiar em alguem novo e' realmente uma surpresa e um esforco constante para mim.

Mas a faculdade comecou, a consciencia social do respeito as diferencas apareceu, a minha consciencia de que nao havia nada de errado com quem eu era tambem ficou mais clara, alem de eu me sentir parte dessa campanha de pacificacao do ambiente escolar.

Vamos pacificar o ambiente escolar, se ele nao se pacificar, vamos aplaudir a cada Zangief Kid que aparece, finish him!!!

Enquanto isso: Ando surpresa com meus avancos na area mais dramatica das minhas relacoes sociais
o intervalo

CENA 01_INT_Flashback:

Com o bullying por ler demais em uma epoca em que a palavra bullying nao existia
a hora do meu maior pesadelo eram os longuissimos 15 ou 20 minutos do intervalo
Eu odiava a hora do intervalo
era o momento em que se expressava tudo o que se escondera dos professores na sala
As meninas uniam-se em grupos e risadinhas
Os meninos se estapeavam em seus proprios jogos e divisoes de poder
E eu inventava lugares longes e ia andando bem devagar para enganar a mim e aos outros
que estava simplesmente sozinha demais
e que 15 minutos eram extremamente dramaticos
a ponto de passa-los trancada no banheiro
esperando bater o sinal

CENA 02_INT_Em que se avanca para a faculdade

Entrei na faculdade consideravelmente traumatizada
a palavra amigo era mais utopica do que marido
e eu me agarrava a um namorado para nao ter que conhecer pessoas
e nao ficava sozinha no intervalo

Por causa do intervalo eu nao fiz cursinho
fui para a particular onde eu sabia que teria alguem para ficar esse 15 minutos comigo
Um namorado era companhia suficiente
E foi, ate que ele nao existiu mais

CENA 03_INT_FEMA

Acham que morri? Nada, foi o melhor que poderia ter acontecido.
Agora voces me imaginem rindo
rindo muito
pulando, gritando, chegando atrasada, bebendo, paquerando
abracando as pessoas
Eu estava finalmente a vontade
Depois de uns empurroes de algumas colegas
fiz amigos e amigas
E eles cresceram dentro de mim
E minha vontade era imensa de deixar de estudar apenas para curtir
o fato
de ter amigos
Depois que isso aconteceu choramos rimos e bebemos juntos
e nos formamos
A nossa tribo das trevas se dissolveu
os meus meninos ainda estao por aqui
mas estamos sem nos ver

CENA 04_INT_Volta ao presente

Ando surpresa
Agora sou capaz de cumprimentar
Cheguei amedrontada na unesp
Agora so tinha o intervalo dela para enfrentar
Admito que nao foi de primeira,
quando sai em um intervalo e me vi sozinha
fui ate um banco perto da cantina
no escuro
e me sentei la em desespero
ainda bem que existe celular!!
Dai passou, puro estado de espirito
E sai perguntando nomes
Dizendo que estava ali sozinha
me comunicando
Me inflei de orgulho dos sorrisos sinceros que distribui ao cumprimentar
na parte da manha sorrisos de oi sempre me foram dificeis...
Fiz a proeza de me incluir em grupos de seminario
em decorar nomes
e meu maior feito: fui em direcao a uma roda de pessoas
disse oi, e fiquei
Agora me pergunto se poderia ter a mesma amizade com um grupo
que os que tive na FEMA
Estou experimentando minhas simpatias e individualidades
e mesmo que meu coracao ainda bata de angustia quando saio para o intervalo e nao vejo um amigo
Vou aprender sem medo essa arte de ter amigos
Nem que isso me mate

Votos ao meu Zangief Kid, parabens lindinho, deve ter se sentido da mesma maneira de quando eu me senti quando aprendi a mandar tomar no cu. Libertador.

Post pessoal, 'a todos os que sabem que a solidao e' constante no seculo XXI, que o stress e' o mal do seculo e a depressao a nova peste negra. Fugimos. by the way, Zangief Kid mudou sua vida em menos do que 15 minutos...

Pratique a Empatia.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O que li e nunca foi dito do coracao de uma amiga

Ela caminhava entre as folhas secas do campus
requebrava maliciosa quando se sentia observada
pesava o tenis por cima dos galhos
gemiam

Pensamentos mesquinhos lhe passaram na cabeca
Ela olhou para os lados
certificou-se
nao, ninguem ouvira o que gritara sua cabeca
por mais alto que lhe tenha soado

Olhou para o tronco da arvore e os galhos movimentavam-se
obcenos
vagamente contou
um, dois homens
sete, nove dias
uma, duas paixoes,
nenhum amor
um defunto amor
nao, definitivamente nenhum

Agarrou-se aquela verdade momentanea

Narcisa, vestiu-se
Sentimentos borbulhando em face ao espelho
Reagindo a sua propria imagem
A imagem, refletindo os pensamentos

Preparou a camera em cima da mesa, onde jogara as pecas de roupa
acionou o timer
e dionisio espiava
o teatro de poses e caras
mudas
ou sob o som pesado
de um tal de rock'n roll


Mudas, reais ou nao, 'e triste imageticamente
toquemos um jazz a nossa personagem

Ouvia Jazz

Mediu-se
Acariciou seu formato
Teve certezas absolutas
Tao certas
Tao absolutas
Que trazia duvidas
Se realmente eram verdadeiras

Medie Midia
Se meu corpo, minha roupa, minha expressao
compete com suas sacerdotisas
Que vejam todos e confirmem
Pois crescerei aos teus olhos
E por conseguinte aos meus

Sou meu corpo, sou minha alma
Sou so minha, e se nao quis
Perdoo tal ignorancia
E confirme minhas certezas
nas suas dancas
mao unicas
infeliz


domingo, 13 de março de 2011

A (craseado) visibilidade, sentir-me util.

Descobri, a uma hora atras, que me texto "Coisas", feito em 2007 e postado no recanto das letras, foi utilizado em um artigo de um jornalista pos-graduado e graduando em letras (e qualquer semelhanca e' realmente mera coincidência!). Este mesmo texto tambem foi utilizado em uma prova de preparacao para o enem, com meu nome citado e o dominio (recanto das letras), esta menina que me informou deste detalhe viu, me jogou no google e achou, la, meu texto internetetico, e ainda acertou a questao!
Admito que meu coracao bateu forte, que delicia ser usada como referencia! Ainda que o texto nao seja minha obra prima, algo util eu escrevi! Ali, na bibliografia, meu nome abaixo de bakhtin! E' de desmaiar...

Claro que vou colocar aqui o link do artigo:

http://www.webartigos.com/articles/60031/1/INTERNETES-PRATICIDADE-NA-LINGUAGEM-VIRTUAL/pagina1.html#postedcomment


Com meu comentario anexado.
Internet, realmente, voce 'e tudo que dizem ser, meus textos foram lidos por 4953 boas almas, e foram uteis a pesquisa e a educacao (craseados, enfaticamente). Dormirei sorrindo.

sábado, 12 de março de 2011

Eu decorei, entao vale como expressao artistica representativa... entre outros bla bla blas



Os ogros são como cebolas

“Shrek: Pra sua informação, há mais do se imagina nos ogros.
Burro: Exemplo?
Shrek: Exemplo? Ok… Ah… Nós somos como cebolas.
Burro: Fedem?
Shrek: Sim. Não!
Burro: Oh. Fazem você chorar.
Shrek: Não.
Burro: Oh, deixa eles no sol e eles ficam marrons e soltam aqueles cabelinhos…
Shrek: Não! Camadas! As cebolas têm camadas, os ogros têm camadas. A cebola tem camadas, entendeu? Nós dois temos camadas.
Burro: Oh, vocês dois têm camadas. Oh. Sabe, nem todo mundo gosta de cebolas. Bolo! Todo mundo adora bolo! E tem camadas.
Shrek: Eu não ligo pro que todo mundo gosta! Ogros não são como bolos.
Burro: Sabe do que todo mundo gosta? Pavê! já conhecesseu alguém que você falasse ’ei, vamos comer pavê’ e ele dissesse ’céus, não gosto de pavê’? Pavê é delicioso!
Shrek: Não! Sua besta ambulante de irritação constante! os ogros são como cebola! Fim da história, bye bye, tchauzinho.”

Do filme Shrek 1

Um poema de Fernando Pessoa lido em um restaurante no Japao






Japão, 2011.

Passaporte número 4356-0, visto permanente.

Data do check-in: 4 April, 2002.

Estado civil: solteiro.

Profissão: Atendente de escritório.

Data de nascimento: 05 de julho de 1983.

Mora: sozinha.

Dependentes: não.

Animais: dois gatos.

Nacionalidade: brasileira.

Único registro em vídeo sobre sua estadia no país é o de um restaurante. Fernanda, após ter pedido para o dono do restaurante para ler um poema para, em suas palavras, “aliviar seu coração”, e ter jurado que seria rápido, fez o seguinte discurso:



Hello everybody!

My name is Fernanda Pereira , and I am from Brazil.

This is not my place, this is not my language, this is not my culture

But I fell sadness and it seems like poetry

In this foraging land nobody knows me

When my birthday was important to other people, it wasn`t as important to me

As it is now that I don`t have that people to sing it happy to me

That`s why I translated a beautiful Portuguese poet that I studied at the university, Fernando Pessoa, and I want to read my translation for you

In my heart it`s tenderness to bring life and words to sorrow

I hope that bring you the energy to come back to your houses thinking that someone

In this world

Fells as lonely as you, and realize that anyone have empathy with loneliness, because everybody have it.

Here I go:

In the time the party my years,

I was happy, nobody was dead.

At the old home, even my birthday was a century tradition,

And everyone`s happiness, and mine, was certain as any religion.

In the time they party my years,

I was healthy to don’t realize anything,

To be smart among family,

And don’t have hopes that other have for me.

When I had hopes,, I didn’t knew how to have them.

When I looked to life, I missed the meaning of it.

Yes, what I was the supposition of myself,

What I was the heart and familiarship,

What I was as half land in the mid-afternoon,

What I was as loving me and me being a girl,

What I was – oh, my God! What only today I know I was…

What distance!...

(can’t find it…)

When they party my years!

O que ela afirmou ser a tradução do poema de Alberto Caeiro (Pessoa), que leu em seguida em português:

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

Ela foi aplaudida e se retirou. Hoje a família a procura por todo o país, já fazia tempo que sumira, o tsunami devastou o local, o desespero de sua mãe, que não a tinha enterrado e não a entendia morta, apesar de desaparecida a quase um ano. Porém ela desembarcou no país na madrugada do mesmo dia, e fez a tradução da segunda parte do poema, sem linguagem, mas a roupa, e o olhar:


O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...



sexta-feira, 4 de março de 2011

sem epifanias ao ouvir beethoven

Entao eu coloquei uma opera de Beethoven para ouvir no radio do carro
As janelas fechadas, claro
nada mais obvio que o culto a tal ponto fosse apenas para si
Ninguem abriria as janelas aumentaria o som e sairia avenida abaixo
subir e descer o bobodromo
fazendo com que todos oucam a opera Fidelio cantada em alemao

Nao que a musica classica seja tao estranha a mim
pois estudei piano classico por varios anos
Infelizmente minha professora esqueceu que ela poderia me ensinar
o jazz, o blues...
Ela comecou o chorinho, mas nao deu tempo de ver tudo
toco apenas um, mas toco de cabeca
Peguei depois um pouco de blues,
mas ainda estava engatinhando quando parei de frequentar aulas

De qualquer maneira, sinto-me dentro dessa redoma culta
vendo filmes cultos
indo discutir filofias, literatura e existencialismos no bar
Ontem mesmo os topicos foram Don Juan e a arte do amor
- Se voce vai na balada e fica com alguem, voce realmente ficou com essa pessoa?
As vezes ela era uma pessoa linda, mas voce nao a viu
Discuti tambem a profundidade superficial do ser humano
se ele 'e ou nao 'e complexo
se a arte 'e profunda ou apenas traducao
se ele existe
Discuti tambem o carnaval, sua necessidade, seu erro e acerto
No mesmo bar discuti o preconceito inevitavel do dono do bar pela categoria de mano
que acabaria por atrapalhar sua empresa
e as necessidades reais de acabar com brigas
as coisas palpaveis e argumentos compreensiveis fora das leis
Tive tempo ainda para discutir o amor, se ele ainda estava la, e o que era fidelidade

As minhas mais sublimes constatacoes nao impediram de que eu chegasse em casa vazia
A cerveja nunca caiu bem
o refrigerante nao seria apropiado
Nao impediu que acordasse mal-humorada
e escrevesse uma redacao mentirosa para o professor cecantinni
onde eu mentia tudo que tinha vivido, inventava uma vida mais bonita
e podia argumentar que o que 'e real nao existe

De qualquer maneira vim almocar ouvindo opera
indiferente a tudo que existe no mundo
entre as portas seguras do carro
ouvi opera
e nada tenho a constatar disso
tudo tende ao nada

terça-feira, 1 de março de 2011

Cliche cult (ou nem tanto)

Todo mundo tem blog!
fato.
principalmente essa galera da area de humanas
'e uma necessidade
uma ansia que anseia insana
que qualquer parafrase
epifania
conselho
ou revolta
constem em um lugar onde talvez
alguem
um dia
a toa
sem sono nenhum
leia

Que falemos de amor
politica
twitter na libia
ausencia de interesse no nepal
Lula e seu aerolula
menininhas maltratadas
filhos
sonhos
drogas
estudos

Que falemos de merda
de coisas que fedem
desconstroem
lambuzem o tecido social
que joguem tira-manchas
que furem!

Que falemos de jogos
internet
novidades
carnaval

Que falemos de ipevea
depevati
ieneessiessi
multas e legislacao

Que calemos ao som
ao chiado
a seriedade treinada do reporter

Que calemos para as suas certezas
assertivas
finitas
descartaveis

Falemos de jornais
midia
viloes e capitoes ganchos
doutor octopus
e lois lane

Sejamos pedantes
ORGULHOSAMENTE PEDANTES
satisfatoriamente
pedantes
Assertivos, intempestivos
estudando
o nada
com coisa nenhuma

Disse-me um dia um indiano militante em uma entrevista em 2008
"all that you lerned, forget it! That is the real lesson!"

Eu
presto atencao no que eles dizem mas eles nao dizem nada
yeah yeah