segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Aula Particular


Nicole esperava já há algum tempo. Mario tinha prometido que viria, mas daquele jeito casual sempre a deixava na dúvida.
Quando falou com ele, ele estava com as duas namoradas, Marina, menina detestável, magrela demais, quadril desproporcional, olhos grande demais, e aquele cabelo precisava urgente de uma hidratação e Julia, sem graça e burrinha.
Não entendo como um cara tão inteligente e sensível como Mario aceite algo como ter duas namoradas...
Ele já tinha explicado isso para ela, ele e suas namoradas não eram adeptos ao conceito de monogamia, e as duas eram um casal também, coisa esquisita!
Bom, não vou ficar julgando... Ela começou a separar os cadernos para matar o tempo, numa folha em branco desenhou uma rosa aberta, caprichou mais nas folhas do que nas pétalas. Estava reforçando o traço quando ele chegou.
Ela correu para a porta subitamente ansiosa, Mario estava simples, cheirava a shampoo, tinha os cabelos molhados, uma mochila amarrotada e um sinal pequeno de sorriso no rosto.
Só por educação, até parece que ele viria com toda a alegria do mundo estudar física! Nicole sorriu para ele, reclamou do seu atrasado e o levou á cozinha, logo se sentaram e ela começou.
Ela falava sobre coisas fascinantes, mas só para ela, coisa esquisita gostar de física... Apoiou o queixo na mão e olhou pela janela, que menina estranha, ela é até bonitinha, ele começou a olhar a boca dela e imaginar como seria um beijo, nossa, porque faço isso sempre? Tentou prestar atenção no que ela lhe dizia.
Nicole reparou em um machucado no dedo indicador dele, o que será que aconteceu? Ela perguntou, ele disse que prendeu na porta, e continuaram.
A aula tinha terminado e ele já poderia fazer a prova tranqüilo amanhã.
Ela lhe deu um sorriso, ele deu outro. Um beijo não seria de todo mal, ela pensou, eu deixaria só para ver se é tão bom assim.
Imagina se ela me beijasse, a culpa não seria minha, ele imaginou, se olharam.
Se aproximaram lentamente, ele desviou o rosto e lhe deu um beijo na bochecha, que bobagem! Ela se levantou e vermelha o levou até a porta, até a próxima então! Claro, obrigado por me explicar, não sei o que faria sem você! Imagine, vai com cuidado, tchau! Até!
Ela o olhou sair pelo portão, fechou a porta, olhou para a mesa bagunçada, deu um sorrisinho bobo e uma risada, que bobagem, cada coisa que me acontece... E foi assistir televisão.
Apoena

sábado, 29 de agosto de 2009

Um estrondoso e calado amanhecer


Era simplesmente mais uma noite, mas não uma noite qualquer daquele ano de 2002. Carnaval, fim de festa, pessoas se movimentando, olhares desatentos, outros curiosos, bocas sorridentes, bocas ocupadas, o clube ia ficando vazio e tomado apenas pelos funcionários e o resto da banda que se aprontava para deixar o local.
Ela, sonolenta caminhava com dificuldade carregando uma mochila, cheia de maquiagem, fantasias e coisas usadas para se apresentar. Ele, sentado no balcão do bar, a olhou, respirou por dois segundos e a seguiu com os olhos até ela desaparecer na escada, como um fantasma. Precisava vê-la mais uma vez, saber seu nome, quem era, como alguém de tão encantador sorriso poderia existir?
Caminhou em direção a escada, subiu lentamente passo por passo pensando em algo para dizer, não pensou em nada. Hesitou, sentiu as mãos suarem, desceu um degrau, olhou em volta e subiu. Parado na porta ele a avistou de longe sentada em meio aos colegas, sorrindo, gesticulando; a beleza teria tomado forma e se personificado, pensou. Se aproximou, seus olhares se cruzaram, ela o fitou como quem sabia das intenções, se levantou e passou por ele sorrindo, dona de uma expressão convidativa e instigante ao mesmo tempo. O menino a seguiu e lhe encontrou perto do palco pensativa; esticando a mão se apresentou com um gesto de cavalheirismo nada típico para um jovem de dezessete anos. Ambos disseram seus nomes e conversaram, ela o achou divertido, apesar de um pouco desligado e falante, encarou-o com precisão, sentiu as pupilas dilatarem, as mãos tremerem e o coração acelerar descompassado, mas foram pegos de surpresa pelos outros integrantes da banda. Disfarçaram. Em vão.
Rapidamente ele entregou um papel com os seguintes dizeres: "Me encontre esta noite no segundo andar do clube às nove horas". Ela leu, sorriu e caminhou vagarosamente até a porta onde todos a esperavam. Deitou-se e o sono parecia nunca chegar; para o garoto não era diferente, imaginava de todas as maneiras estar ao lado da delicada menina de cabelos escuros, de olhos claros, nítidos, maliciosos.
Por fora, era só mais um louco, posando de inabalável, insensível e turbulento, porém sua consciência tinha a plena certeza que não era assim. Às nove horas lá estava de pé, olhando para a lua na sacada do prédio onde ficava o clube. Às nove e sete ela apareceu, linda, irradiando luz, transcendente como uma visão e sem nada dizer apenas sorrindo a jovem calou o silencio com um beijo envolvente, caloroso, tórrido. As mãos se encontraram suaves, simétricas, entrosadas, bem como as línguas dispersas e unidas simultaneamente trocavam experiências. Se afastaram, sentiram os corpos um ao outro e se envolveram num abraço quente, sincero, o qual fez o mundo parar por alguns instantes.
Os instantes se estenderam, se tornaram minutos, horas e o pôr-do-sol os acolheu cheio de sublime maestria, logo as mãos intercaladas se desprenderam, os lábios se fecharam e os olhos perceberam a hora da despedida. Mais uma vez, ele a olhou com extremo afeto e a deixou partir, junto com ela, o pôr-do-sol trazendo consigo um novo dia, esculpindo uma nova página a ser escrita no livro da sua vida.

Ceci Maiara

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O nascimento de uma morte


No início da semana, durante meu café da manhã li uma matéria de um importante jornal sobre o possível fim de páginas como esta. Refleti alguns minutos e pensei como seria a vida dos "ratos de blog", aqueles cujo passatempo é viver em busca de novos textos para criticar, refletir ou se emocionar . O café nem desceu direito, levando em conta o curso superior do qual faço parte e a decepção sofrida nos últimos meses pelo desmerecimento da nossa profissão.
No meio do caminho, a vida me mostrou sua contraditória opinião, quando no dia seguinte, fui convidada a postar aqui, mais uma ramificação textual direcionada ao livre pensamento. Aceitei, claro! Ponto para nós, os chamados "blogueiros", expressão que ficou antiga segundo pesquisadores de mídia e tecnologia.Estamos ficando velhos ou as pessoas estão esquecendo os valores de um texto? Numa época predominada pelas imagens, esse processo seria natural se junto com ele as ideias não fossem atingidas. Um bom texto desperta outros sentidos, incita discussões, novas opiniões e agrega partidários da escrita, seja ele vindo do impresso ou online. Tudo bem, a banalização dos conceitos defendidos e a modificação da forma como nos comunicamos, favoreceu o esquecimento dos blogs, afinal o Twitter está bombando! Somos seres muito mais ligados as cores, imagens e sons, porém prever o fim trágico - ou cômico - dos blogs é mera prentensão. Enquanto houver gente disposta a compartilhar loucuras, desabafos, indignação ou qualquer besteira o blog estará aí, nem que seja aguardando a sua eutanásia.


Ceci Maiara

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Neuromarketing - Mais essa agora!


Aposto que você ficou aterrorizado com as mensagens subjetivas da coca-cola, pensou "eu sabia" quando ouviu na conspiratória do pacto da xuxa e do raulzito, e procurou algum indicio do "Senhor Zumbi" na música da mosca não é mesmo?
Mas PASMEM - Tem mais!
Agora existe um tal de neuromarketing que promete que você pode até pensar por si mesmo, mas vai passar uma vontade danada!
Segundo um dado divulgado na SuperInteressante você passa 16 mil horas vendo comerciais televisivos (só TV), dava para fazer faculdade de medicina duas vezes, numa boa! Imagina então o tempo que juntos, marketeiros, cientistas e empresários do mundo inteiro passam pensando na maneira que você vai ouvir ao Just do it.
Até agora eles descobriram que esses homens e mulheres lindos e gostosos que se vê nas propragandas de cerveja e perfume aumentam as chances de esquecerem a marca do produto (também, tanta gente linda, só esquecendo delas mesmo pra ficar de bem com a vida, agora "o sol nasce para todas" é impossivel de esquecer, viva, inicio do fim da ditadura das gostorosas!), colocar uma propaganda de carro num programa de carro também é uma má idéia, mais chances de fixar é falar de rodas no meio do programa de culinária.
E mais! Nas universidades de Montreal e Warwick (Canadá e Inglaterra) eles colocaram um grupo de freiras carmelitas para rezar e viram que no cérebro delas ativou a mesma área das pessoas que são expostas a marcas consagradas como Ferrari ou iPod.
Do rei na barriga ao macaco adestrado na cabeça dessa galera ficou obvio o seguinte, manipilar não é só fácil, como possivel, simples e consagrado. Agora resta levantar a sobrancelha e dizer "fudeu", ou vai me dizer que você é um daqueles que acha que eles vão vestir uma capa vermelha e usar isso para o bem?? hahaha.

sábado, 15 de agosto de 2009

Como lidar com viagens frustradas


Existe guia para preparação de malas, para roteiro, guia para usar a lingua do pais que se vai visitar, para interagir com as pessoas... e quando a viagem não acontece? Não tem guia pra isso. A frustração, toda aquela expectativa, voce mora em uma cidade que não tem NADA para fazer pra substituir e mesmo que tivesse, voce queria mesmo era estar lá.

É, mas acontece, sempre existirão pessoas que tem medo de notícia de jornal que vão cavaletar aquela viagem que voce esperava.

Aconteceu, pronto.

Então depois de xingar e encher a cara o negócio é fazer coisas que você não faria se tivesse viajado:
Visitar aquele amigo que você nunca visita, ir naquela balada que você ainda não foi, ir no restaurante que sempre foi "caro demais", em hipótese alguma ficar olhando as fotos do lugar e suspirando feito um tonto!

Dai, pronto, a frustração só deixa um repuxado pra baixo no cantinho da boca quando mencionada.
JAPIÁ

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Nada de putaria na "Casa das Coelhinhas"


Não julgar um filme pela capa, titulo e descrição do filme no verso. "Casa das Coelhinhas" me passou uma péssima primeira impressão de ser um daqueles filmes apelativos. Me enganei, é uma comédia leve e divertida, sem exageros e com um enredo (é por que agente imagina que esses filmes não tem nenhum!).

A história é sobre Shelley, uma orfã rejeitada que fica linda subitamente a passa do orfanato para a mansão da playboy, no seu aniversario de 27 anos ela acaba expulsa da mansão e fica desabrigada, vai parar numa casa de universitarias excluidas de um irmandade prestes a fechar por falta de membros. A parte cômica se dá pela forma com que Shelley tenta ajustar as meninas e ao mesmo tempo quer parecer uma "desajustada" para conquistar um cara.

Algo bem parecido com "Legalmente Loira" vai super bem com domingo, pipoca e um grupo de amigos!


Iandê.

Nascimento de Apoena

Eram seis reis magos para presenciar o nascimento de Apoena Baquara:
Guariní, o guerreiro e lutador,
Baquara, seu pai, o que sabe das coisas,
Japiá, o espinheiro,
Abaitê, mal compreendido como ruim ou estranho,
Abaçaí, a mosca da sopa, aquele que espreita e persegue,
e o doce Iandê, sempre neutro.
Todos fizeram a promessa diante do berço de Apoena passar toda sua sabedoria para que cumprisse seu destino: enxergar além.
Seus ensinamentos foram encontrados debaixo de uma árvore antiga dentro de um baú, os homens que derrubaram a árvore (ainda viva) morreram em algumas semanas, os arqueólogos não puderam explicar como eles tinham escrito sendo que isso nao era costume naquela cultura, sem resposta, só restou repassar toda a sabedoria antiga virtualmente, meticulosamente postada aqui, no Apoena Baquara.