sábado, 29 de agosto de 2009

Um estrondoso e calado amanhecer


Era simplesmente mais uma noite, mas não uma noite qualquer daquele ano de 2002. Carnaval, fim de festa, pessoas se movimentando, olhares desatentos, outros curiosos, bocas sorridentes, bocas ocupadas, o clube ia ficando vazio e tomado apenas pelos funcionários e o resto da banda que se aprontava para deixar o local.
Ela, sonolenta caminhava com dificuldade carregando uma mochila, cheia de maquiagem, fantasias e coisas usadas para se apresentar. Ele, sentado no balcão do bar, a olhou, respirou por dois segundos e a seguiu com os olhos até ela desaparecer na escada, como um fantasma. Precisava vê-la mais uma vez, saber seu nome, quem era, como alguém de tão encantador sorriso poderia existir?
Caminhou em direção a escada, subiu lentamente passo por passo pensando em algo para dizer, não pensou em nada. Hesitou, sentiu as mãos suarem, desceu um degrau, olhou em volta e subiu. Parado na porta ele a avistou de longe sentada em meio aos colegas, sorrindo, gesticulando; a beleza teria tomado forma e se personificado, pensou. Se aproximou, seus olhares se cruzaram, ela o fitou como quem sabia das intenções, se levantou e passou por ele sorrindo, dona de uma expressão convidativa e instigante ao mesmo tempo. O menino a seguiu e lhe encontrou perto do palco pensativa; esticando a mão se apresentou com um gesto de cavalheirismo nada típico para um jovem de dezessete anos. Ambos disseram seus nomes e conversaram, ela o achou divertido, apesar de um pouco desligado e falante, encarou-o com precisão, sentiu as pupilas dilatarem, as mãos tremerem e o coração acelerar descompassado, mas foram pegos de surpresa pelos outros integrantes da banda. Disfarçaram. Em vão.
Rapidamente ele entregou um papel com os seguintes dizeres: "Me encontre esta noite no segundo andar do clube às nove horas". Ela leu, sorriu e caminhou vagarosamente até a porta onde todos a esperavam. Deitou-se e o sono parecia nunca chegar; para o garoto não era diferente, imaginava de todas as maneiras estar ao lado da delicada menina de cabelos escuros, de olhos claros, nítidos, maliciosos.
Por fora, era só mais um louco, posando de inabalável, insensível e turbulento, porém sua consciência tinha a plena certeza que não era assim. Às nove horas lá estava de pé, olhando para a lua na sacada do prédio onde ficava o clube. Às nove e sete ela apareceu, linda, irradiando luz, transcendente como uma visão e sem nada dizer apenas sorrindo a jovem calou o silencio com um beijo envolvente, caloroso, tórrido. As mãos se encontraram suaves, simétricas, entrosadas, bem como as línguas dispersas e unidas simultaneamente trocavam experiências. Se afastaram, sentiram os corpos um ao outro e se envolveram num abraço quente, sincero, o qual fez o mundo parar por alguns instantes.
Os instantes se estenderam, se tornaram minutos, horas e o pôr-do-sol os acolheu cheio de sublime maestria, logo as mãos intercaladas se desprenderam, os lábios se fecharam e os olhos perceberam a hora da despedida. Mais uma vez, ele a olhou com extremo afeto e a deixou partir, junto com ela, o pôr-do-sol trazendo consigo um novo dia, esculpindo uma nova página a ser escrita no livro da sua vida.

Ceci Maiara

4 comentários:

  1. adorei táh linduu o blog. amei o mini conto beijauuum

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  2. O seu forte é a descrição, super detalhada e evolvente! Adorei!!

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  3. mesmo sem paciencia fia eu li. ahuauahuahua adorei beijos

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  4. Ceci ...
    HAHAHA Jamais ia adivinhar ein? :P

    hahaha
    Bem básica a história né?
    Digo, estória rs

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