ADAPTAÇÃO DE DOM CASMURRO,
DE MACHADO DE ASSIS,
PARA A MICROSSÉRIE CAPITU,
DE LUIZ FERNANDO CARVALHO DE ALMEIDA:
UM DIÁLOGO QUE SE INSTAURA NA INDÚSTRIA CULTURAL
Professora Dra Silvia Azevedo
53 paginas, entregue em 2010 (mais especificamente, hoje)
Na teoria e prática do roteiro um aspecto inevitável em uma narrativa é a incerteza, ensina-se, ao roteirista iniciante, a revelar aos poucos sua trama, os espectadores nunca podem ser observadores, a vivência deles deve ser “igual” à vivência da personagem (o igual permanece entre aspas porque os espectadores podem saber de um detalhe sobre uma personagem que o protagonista não sabe, mas de maneira geral, ele vive a história conforme a lê, juntamente ao protagonista). O diretor oferecendo esperança e também alimentando o medo, leva o leitor a imaginar o que poderia acontecer e a temer o pior. Trata-se de uma situação informativa e não de ignorância. Isto se apresenta primeiramente com a união do casal, o espectador/leitor pensa que esse é o problema central, por isso torce para que Bentinho e Capitu consigam ficar juntos. Porém, Machado tinha outros planos, depois do “felizes para sempre”, o protagonista deu um jeito de se tornar infeliz e deixar em quem seguiu sua história a eterna incerteza que destruiu seu lar e o levou à solidão. Contudo, vale destacar que, na narrativa, o trabalho estético é que merece atenção. A forma pela qual Machado narra, usando de metáforas, personificações, metonímias e, sobretudo, de ironia, revela sua capacidade de criação artística, além é claro da sua criatividade em imaginar toda uma situação ficcional, na qual pudesse instaurar um conflito moral, revelador das hipocrisias sociais da época, antecipando assim o realismo.
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